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1 de abr. de 2011

Quero Voltar a Confiar...


Quero Voltar a Confiar...
(Arnaldo Jabor)

Fui criado com princípios morais comuns.

Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades dignas de respeito e consideração.

Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto.

Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades...

Confiávamos nos adultos, porque todos eram pais, mães ou familiares da nossa rua, do bairro ou da cidade.

Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror...

Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos.

Tudo que os meus netos um dia enfrentarão.

Pelo medo no olhar das crianças, dos velhos, dos jovens e dos adultos.

Direitos humanos para os criminosos, deveres ilimitados para os cidadãos honestos.

Não levar vantagem em tudo significa ser idiota. Trabalhador digno e cumpridor dos deveres virou otário.

Pagar dívidas em dia é ser tonto - anistia para corruptos e sonegadores.

O que aconteceu conosco?

Professores maltratados nas salas de aula; comerciantes ameaçados por traficantes; grades em nossas janelas e portas.

Que valores são esses?

Automóveis que valem mais que abraços. Filhas querendo uma cirurgia como presente por passarem de ano.

Filhos esquecendo o respeito no trato com pais e avós.

No lugar de senhor, senhora, ficou “oi cara”, ou “como está, coroa”?

Celulares nas mochilas de crianças.

“O que vais querer em troca de um abraço?” – “A diversão vale mais que um diploma.” – “Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa.” – “Mais vale uma maquiagem do que um sorvete.” - “Aparecer do que ser.”

Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?

Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar nas flores…

Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão.

Quero a honestidade como motivo de orgulho.

Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar “olho no olho”.

Quero sair de casa sabendo a hora em que estarei de volta, sem medo de assaltos ou balas perdidas.

Quero a vergonha na cara e a solidariedade.

Onde a palavra valia mais que um documento assinado. Quero a esperança, a alegria, a confiança de volta. Quero calar a boca de quem diz: “temos que estar ao nível de” ao falar de uma pessoa.

E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como o céu de primavera, leve como a brisa da manhã. E definitivamente bela como cada amanhecer.

Quero ter de volta o meu mundo simples e comum, onde existam o amor, a solidariedade e a fraternidade como bases.

Vamos voltar a ser gente. A ter indignação diante da falta de ética, de moral, de respeito. Construir um mundo melhor, mais justo e mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas.

Utopia?

Quem sabe.

Precisamos tentar.

Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão.

Quem sabe começando a caminhar ou ajudando a transmitir esta mensagem teremos de volta nossa dignidade, nosso respeito, nossos direitos, nossas vidas.

Pense, decida.

Só depende de você.

(texto recebido por e-mail em 21.03.2011 e publicado em 01.04.2011)

8 comentários:

Irismar Oliveira disse...

Sou do tempo em que mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades dignas de respeito e consideração.

Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto.

Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades...

Confiávamos nos adultos, porque todos eram pais, mães ou familiares da nossa rua, do bairro ou da cidade.

O apóstolo Paulo escreveu a nossa realidade quando nem se "sonhava" viver tal coisa: Porque as pessoas só amarão a si mesmas e ao dinheiro; serão orgulhosas e fanfarronas, zombarão de Deus, desobedecendo aos pais, sendo ingratas com eles e completamente más. Serão duras de coração e nunca se submeterão aos outros; serão sempre mentirosas e desordeiras, e não se incomodarão com a imoralidade. Serão rudes e cruéis, e escarnecerão daqueles que procuram ser bons. Atraiçoarão seus amigos; serão irascíveis, inchadas de orgulho, e preferirão divertir-se a adorar a Deus. 2 Timoteo 3:2-7

Muito bom esse texto, valeu por partilhar!!!

luciana disse...

Oi amor, bom dia!!!

Texto pesado? Talvez sim, talvez não...
Quem disse que sexta feira não é um bom dia para ler um texto assim... talvez seja o melhor... dia que antecedo o fim de semana e que, em geral, temos mais tempo para nossos familiares e amigos.
Que aproveitemos esses dias para desligar a tv e bater um bom papo... para dar uma volta na praça ou invés do shopping, que possamos chutar bola no quintal no lugar do vídeo game...que possamos sentar em volta da mesa e conversar sobre o nosso dia com nossos filhos...

Como bem diz o texto: Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão

Eu, agora, agradeço por compartilhar esse texto conosco...

Te amo!!!
Bjs
Lu

Unknown disse...

Parabéns Glauco, por postar isto homem!!! No meio de uma geração, que tanto se atrapalha, cada dia mais, saiba que é por causa de atitudes de gente ousada e de coragem que vamos avançando sempre!!! Que você tenha um ótimo final de semana com toda tua família e abraço homem!!!

EDUARDO disse...

Prezado Glauco boa noite,

Posso garantir que reconfortante em uma sexta feira a noite ler um texto exemplar deste, e que saudades me traz no coração dos simples ensinamentos que minha amada mãe e claro que pai me deu, onde éramos corrigidos com apenas um olhar, que na maioria das vezes valia muito mais do que qualquer palavra, mas não posso negar que quando se fez necessário, fui sim corrigido com uns bons tapas no local ideal e jamais dismaei ou sequer foi necessário levar a um hospital para curativos ou a um psicólogo para análise.

Tenho certeza de que este texto é muito propício ainda para os dias atuais.

Abraços, parabéns pela postagem e obrigado por compartilhar conosco.

Eduardo

Gisele Munhoz disse...

Olá Glauco!

Belo texto! Já o conhecia... é a modernidade e as suas consequências.

Engraçado, hoje eu estava conversando com o Eduardo de que no nosso tempo de crianças quando os pais estavam conversando com outros adultos não podíamos interferir e forma alguma.

Radicalismo? Mas pelo menos naquela época o respeito era maior.

Saudosismo? Talvez, por que não ter saudade de princípios tão esquecidos por nossos jovens da modernidade.

Bjokas
Gisele

Jackie Freitas disse...

Olá Glauco amigo!
Bem, adoro os textos do Jabor! Acho que essa saudade dos tempos passados é recorrente e todos passamos por esses momentos de questionamentos.
Porém, a vida é um processo de evolução e aprendizado e mesmo que achemos que estamos regredindo e perdendo valores, ainda assim continuo achando que faz parte da lição.
Muitas vezes precisamos perder de verdade para valorizarmos o que tínhamos. Então, penso que se fizermos o melhor que pudermos, não voltando a viver como antes, mas de forma melhor daqui para frente, podemos, sim, construir esse futuro para nossos filhos e netos... A hora de corrigir ou alinhar as coisas é a nossa!
Grande beijo e parabéns pela bela seleção.
Jackie

Pura Emoção! disse...

Olá Glauco!
Gostei muito do comentário de Jackie Freitas, talvez seja esta a evolução que estamos vivenciando e nos leve como Charles Darwin concluiu em a "Descendência do Homem", ele achava que apesar de todas as "qualidades nobres" e "capacidades sublimes" da humanidade:
O homem ainda traz em sua estrutura física a marca indelével de sua origem primitiva.
Abraços.

Adriana Helena disse...

Um texto maravilhoso para iniciar a semana Glauco!
Ele está carregado de verdades .. verdades lastimáveis!
Mas também tem e sugere como pode ser revertida situações tão estranhas, se os verdadeiros sentimentos ressurgirem e forem colocados em prática! Aí sim, tudo vai melhorar amigo!
Eu acredito sempre que vamos progredir, que não é utopia!!!
Muito obrigada!
Um ótima semana para você!
Abraços!!!

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